Pesquisa Meninos: só 5 em cada 10 adolescentes têm certeza que são amados pelo pai
Os meninos têm dúvidas sobre o amor dos pais e poucas referências positivas de masculinidades
Se estiver com pressa, dê o play aqui no nosso minidocumentário “Como conversar com quem pensa muito diferente de você”.
“Furar a bolha é estratégia”
disse a filósofa e escritora Djamila Ribeiro, em entrevista para a Revista Continente.
Foi com a frase potente que abrimos a publicação que lançamos, neste mês, em parceria com o Instituto Avon.
O livro é o compilado de dados estatísticos e de uma porção de insights que surgiram de uma pesquisa realizada aqui, em nosso site, com mais de 9 mil pessoas do Brasil inteiro. O resultado é este: um mapa das principais emoções e obstáculos envolvidos nessas interações, acompanhado de um guia de como conversar com quem pensa muito diferente de nós e um manual de boas práticas jornalísticas.
Em tempos de polarização ideológica, fake news e pós-verdades, a publicação vem em boa hora.
“Quando reclamamos que está cada vez pior conversar no Facebook, nos grupos de Whatsapp, nos almoços de família ou mesmo nas rodas de amigos, somos confrontados com uma realidade que nós mesmos ajudamos a criar e sustentar”
-Guilherme Valadares
explica Guilherme Valadares, fundador do PapodeHomem.
“E o objetivo não é convencer todo mundo do ‘lado de lá’ a vir para onde estamos, mas deixarmos nossas bolhas e construir outras mais favoráveis coletivamente.”
Ao escutar milhares de pessoas em todo o país, o PapodeHomem e o Instituto Avon abriram a caixa de Pandora de uma das discussões mais importantes de nosso tempo: como homens e mulheres se colocam frente ao debate de ideias e posições sobre o feminismo com quem pensa igual e com quem pensa muito diferente deles?
A pesquisa nacional permitiu que chegássemos, hoje, a três grandes perfis de pessoas. Aquelas que acreditam no diálogo como ferramenta de transformação e que sentem certa alegria ao compartilhar ou aprender algo estão entre as Construtoras de Pontes. No meio, fica quem está Em Trânsito, sente certa curiosidade em conversar com quem pensa diferente, mas não está tão aberto ou tem paciência. Por último, as pessoas fechadas no que chamamos Entre Muros. São aquelas que preferem não ter conversas com quem pensa diferente e sentem um cansaço maior com esse tipo de diálogo.
Apesar de metade das pessoas escutadas estarem no Entre Muros — o que é um bom sinal —, apenas 15% das pessoas ouvidas são Construtoras de Pontes e estão, ativamente, fazendo esse trabalho difícil de transformação. Neste grupo, a maioria é composta por mulheres não heterossexuais de qualquer idade ou heterossexuais jovens. Elas que estão na linha de frente, nas trincheiras de um diálogo mais benéfico — mesmo que tantas vezes exaustivos — com os outros.
Falta de energia, ausência de empatia do outro lado, pouca paciência ou a percepção de que pessoas que pensam diferente não merecem nosso tempo. Essas foram algumas das emoções que surgiram quando perguntamos quais sentimentos apareciam com mais frequência quanto estávamos frente a frente com nossos oponentes em determinado assunto.
Apesar de o cansaço ser a emoção mais citada, mesmo assim 52% das pessoas disseram que se sentiam bem caso pudessem compartilhar algo que o outro não sabe.
Quando a pergunta era sobre possíveis entraves e empecilhos, a agressividade foi apontada em disparada (64%) como maior obstáculo (64%) para que diálogos mais construtivos ganhassem terreno.
De que forma, podemos, então, lançar mão de algumas técnicas para que a conversa frutifique?
Experimentar conversar sem usar palavras mais carregadas de significado (gênero, feminismo, masculinidade tóxica, machismo, patriarcado, cultura do estupro) pode ser um exercício eficaz ao dialogar com quem pensa diferente de você.
Não é que elas devam ser abolidas — já que carregam significados políticos importantíssimos na construção do mundo igualitário que desejamos —, mas, em alguns diálogos, abordar o outro utilizando-as já de antemão pode criar um muro difícil de transpor, ao longo do papo.
Segundo a pesquisa que realizamos, o apoio ao diálogo pode aumentar de 69% para 87% se fizermos a mesma pergunta, mas sem nos referirmos a gênero, por exemplo. É uma técnica que vale a pena colocar em prática, nem que seja para fisgar o interlocutor num primeiro momento.
Mas conversas ajudam mesmo ou acabam sendo perda de tempo? 75% das pessoas entrevistadas afirmaram terem sido impactadas positivamente em conversas entre quem pensa muito diferente relacionadas a gênero, machismo, feminismo e 50% demonstrou interesse em participar de mais diálogos assim.
O desafio: apenas duas em cada 10 pessoas buscam ativamente conversar sobre esses temas com quem tem opinião divergente a sua. Há, como vimos estatisticamente, um consenso de que as conversas são úteis e muitos de nós quer ter mais delas. Mesmo assim, quase ninguém está indo atrás desses encontros.
Parece complicado, mas é possível. Listamos habilidades e atitudes que podemos treinar para aperfeiçoar nosso lado Construtor de Pontes:
Para impulsionar você aí do outro lado a começar nessa jornada possível, também produzimos um minidocumentário inspirador.
Nele, além de falas de especialistas, você também pode ver, na prática, uma roda de conversa pautada pela Comunicação não Violenta e guiada pela mediadora de conflitos Carol Nalon.
Não é fácil nos desarmarmos frente ao outro, ainda mais quando, em assuntos polêmicos ou polarizados. Mas é necessário que comecemos a traçar outras rotas de convergência — sob o pretexto de que, se continuarmos a nos fecharmos em bolhas, estaremos cada vez mais entre os nossos e cada vez menos mudando estruturalmente tudo aquilo que queremos.
Para acessar a publicação no desktop, clique aqui.
Para acessar a publicação no Whatsapp, clique aqui.
A pesquisa na íntegra também pode ser acessada.
Compartilhe. Vamos construir pontes. 🙂
avaliação média das milhares de pessoas participantes de nossas palestras e workshops.
de pessoas já assistiram nossos documentários em plataformas online.
palestras e treinamentos realizados em empresas, órgãos públicos, fundações e escolas, impactando milhares de pessoas.
atividades voluntárias (rodas, debates, exibições) realizadas em todo o país, à partir de nossos filmes e pesquisas.
nossa experiência no campo das masculinidades.
das pessoas que participaram de nossos treinamentos afirmam que suas crenças e ações cotidianas foram impactadas, em alguma medida.
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