O livro é o compilado de dados estatísticos e de uma porção de insights que surgiram de uma pesquisa realizada aqui, em nosso site, com mais de 9 mil pessoas do Brasil inteiro. O resultado é este: um mapa das principais emoções e obstáculos envolvidos nessas interações, acompanhado de um guia de como conversar com quem pensa muito diferente de nós e um manual de boas práticas jornalísticas.
Em tempos de polarização ideológica, fake news e pós-verdades, a publicação vem em boa hora.
“Quando reclamamos que está cada vez pior conversar no Facebook, nos grupos de Whatsapp, nos almoços de família ou mesmo nas rodas de amigos, somos confrontados com uma realidade que nós mesmos ajudamos a criar e sustentar”
-Guilherme Valadares
explica Guilherme Valadares, fundador do PapodeHomem.
“E o objetivo não é convencer todo mundo do ‘lado de lá’ a vir para onde estamos, mas deixarmos nossas bolhas e construir outras mais favoráveis coletivamente.”
Ao escutar milhares de pessoas em todo o país, o PapodeHomem e o Instituto Avon abriram a caixa de Pandora de uma das discussões mais importantes de nosso tempo: como homens e mulheres se colocam frente ao debate de ideias e posições sobre o feminismo com quem pensa igual e com quem pensa muito diferente deles?
Construtores, em trânsito e entre muros
A pesquisa nacional permitiu que chegássemos, hoje, a três grandes perfis de pessoas. Aquelas que acreditam no diálogo como ferramenta de transformação e que sentem certa alegria ao compartilhar ou aprender algo estão entre as Construtoras de Pontes. No meio, fica quem está Em Trânsito, sente certa curiosidade em conversar com quem pensa diferente, mas não está tão aberto ou tem paciência. Por último, as pessoas fechadas no que chamamos Entre Muros. São aquelas que preferem não ter conversas com quem pensa diferente e sentem um cansaço maior com esse tipo de diálogo.
Apesar de metade das pessoas escutadas estarem no Entre Muros — o que é um bom sinal —, apenas 15% das pessoas ouvidas são Construtoras de Pontes e estão, ativamente, fazendo esse trabalho difícil de transformação. Neste grupo, a maioria é composta por mulheres não heterossexuais de qualquer idade ou heterossexuais jovens. Elas que estão na linha de frente, nas trincheiras de um diálogo mais benéfico — mesmo que tantas vezes exaustivos — com os outros.
Agressividade é o maior obstáculo para conversas mais construtivas
Falta de energia, ausência de empatia do outro lado, pouca paciência ou a percepção de que pessoas que pensam diferente não merecem nosso tempo. Essas foram algumas das emoções que surgiram quando perguntamos quais sentimentos apareciam com mais frequência quanto estávamos frente a frente com nossos oponentes em determinado assunto.
Apesar de o cansaço ser a emoção mais citada, mesmo assim 52% das pessoas disseram que se sentiam bem caso pudessem compartilhar algo que o outro não sabe.
Quando a pergunta era sobre possíveis entraves e empecilhos, a agressividade foi apontada em disparada (64%) como maior obstáculo (64%) para que diálogos mais construtivos ganhassem terreno.
De que forma, podemos, então, lançar mão de algumas técnicas para que a conversa frutifique?
Mesma temática, outros caminhos
Experimentar conversar sem usar palavras mais carregadas de significado (gênero, feminismo, masculinidade tóxica, machismo, patriarcado, cultura do estupro) pode ser um exercício eficaz ao dialogar com quem pensa diferente de você.
Não é que elas devam ser abolidas — já que carregam significados políticos importantíssimos na construção do mundo igualitário que desejamos —, mas, em alguns diálogos, abordar o outro utilizando-as já de antemão pode criar um muro difícil de transpor, ao longo do papo.
Segundo a pesquisa que realizamos, o apoio ao diálogo pode aumentar de 69% para 87% se fizermos a mesma pergunta, mas sem nos referirmos a gênero, por exemplo. É uma técnica que vale a pena colocar em prática, nem que seja para fisgar o interlocutor num primeiro momento.
Luz no fim do túnel
Mas conversas ajudam mesmo ou acabam sendo perda de tempo? 75% das pessoas entrevistadas afirmaram terem sido impactadas positivamente em conversas entre quem pensa muito diferente relacionadas a gênero, machismo, feminismo e 50% demonstrou interesse em participar de mais diálogos assim.
O desafio: apenas duas em cada 10 pessoas buscam ativamente conversar sobre esses temas com quem tem opinião divergente a sua. Há, como vimos estatisticamente, um consenso de que as conversas são úteis e muitos de nós quer ter mais delas. Mesmo assim, quase ninguém está indo atrás desses encontros.
Parece complicado, mas é possível. Listamos habilidades e atitudes que podemos treinar para aperfeiçoar nosso lado Construtor de Pontes:
Desenvolver mais equilíbrio emocional
Nos comunicar de modo menos violento
Cultivar empatia pelo outro
Evitar posturas radicais
Pedir desculpas quando formos agressivos
Estudar e melhorar nossos argumentos
Não ter vergonha de admitir que não sabemos algo e fazer perguntas
Para impulsionar você aí do outro lado a começar nessa jornada possível, também produzimos um minidocumentário inspirador.
Nele, além de falas de especialistas, você também pode ver, na prática, uma roda de conversa pautada pela Comunicação não Violenta e guiada pela mediadora de conflitos Carol Nalon.
Não é fácil nos desarmarmos frente ao outro, ainda mais quando, em assuntos polêmicos ou polarizados. Mas é necessário que comecemos a traçar outras rotas de convergência — sob o pretexto de que, se continuarmos a nos fecharmos em bolhas, estaremos cada vez mais entre os nossos e cada vez menos mudando estruturalmente tudo aquilo que queremos.
Não é fácil, mas vale o esforço. Vamos juntos e juntas?
Que tal ajudar a disseminar o material?
Para acessar a publicação no desktop, clique aqui.
Para acessar a publicação no Whatsapp, clique aqui.
Com o Instituto PDH tivemos a oportunidade de colocar homens e mulheres em um mesmo espaço para discutir, tranquilamente, um tema que muitas vezes é desafiador. E vimos as pessoas atentas e engajadas do começo ao fim. Saio muito satisfeita com o resultado.
Quézia de Araújo Duarte Nieves Gonzalez. Desembargadora e Vice Presidente do TRT-SC.
A gente precisa aprender coisas do zero, porque não basta boa vontade, a gente precisa de informação. A parceria com o Instituto PDH reúne as duas coisas: a sensibilização com informação.
Juiz Alessandro da Silva. TRT- SC.
Aprendi com o Percurso Masculinidades Responsáveis não só como ser um aliado, mas também que precisamos transformar nossas visões sobre o que significa ser homem. Isso me beneficiou minhas posturas tanto dentro da 3M como fora dela.
Douglas Ramos
Líder de D&I e Vice-Presidente do Instituto 3M
“O Percurso é uma excelente ferramenta para a mudança, nos ajudando a avançar em nossas metas de transformação cultural em diversidade, equidade e inclusão com uma linguagem que conversa com todos.”
Wellington Silvério
Diretor global de RH da John Deere
“O curso PMR, do Instituto PDH, é a espinha vertebral do nosso trabalho de conscientização dos homens na John Deere, em escala.”
Marcelo Garcia
Otimização de Negócios na John Deere
“Temas duros foram trazidos de forma leve, assertiva e empática. Depoimentos genuínos e perguntas profundas vieram à tona de vários participantes. Que vivência transformadora!“