Agosto é um mês especialmente importante para pensar a responsabilidade masculina no enfrentamento das desigualdades. Nós do Instituto PDH participamos e promovemos diversas iniciativas. Hoje vamos contar um pouco sobre a nossa participação no segundo Fórum Agentes de Transformação, organizado pela CZK Diversidade.
O fórum tem como foco a responsabilidade masculina para a promoção de espaços mais equitativos, principalmente em empresas e organizações.
O Guilherme N. Valadares, diretor e co-fundador do Instituto PDH, participou da mesa “Parentalidade: o papel dos homens na educação de crianças e adolescentes”. E sobre a responsabilidade dos homens ele destaca:
“Quem nos contrata ainda são as mulheres, das dezenas de treinamentos que fizemos, eu conto nos dedos as contratações que foram feitas por um homem, branco, hétero. Então eu convido todos os homens a colocarem em prática as mudanças e não apenas admirar e elogiar o trabalho que está sendo feito por outras pessoas.”
Guilherme levou dados da pesquisa “Meninos: sonhando os homens do futuro”, ressaltando as inseguranças e percepções dos meninos com relação ao amor do próprio pai e a falta de referências percebidas pelo meninos como positivas dentro do espaço familiar de convivência.
Daniel Manzini, embaixador da Co-Pai, destacou a importância da licença-paternidade ser regularizada por lei e mencionou que 76% da população apoia a ampliação do benefício, segundo dados da Folha de S.Paulo. Pedro Pittella, diretor de Pessoas na Sanofi, compartilhou a experiência da empresa, onde pais e mães têm direito a seis meses de licença remunerada. Ele observou que, nos primeiros dois anos da implementação, apenas 50% dos pais tiraram a licença, mas o número subiu para 75% nos anos seguintes. O impacto disso se reflete na promoção da diversidade: “Se antes havia resistência em promover mulheres pelo risco de ausência, agora todos podem tirar licença.”
Leonardo Piamonte mencionou o modelo sueco, que evidencia o retorno do investimento na primeira infância, prevenindo problemas futuros como delinquência juvenil e vícios. Já Guilherme Valadares reforçou a importância da presença paterna, lembrando que, anos atrás, poucos homens sabiam detalhes simples sobre seus filhos, como o nome da pediatra ou o tamanho do calçado.
Entre os desafios abordados, destacou-se o medo dos pais de que a licença possa impactar sua carreira ou finanças, especialmente em cargos de fábricas, onde horas extras têm peso significativo no orçamento familiar.
Além disso, o fórum discutiu a importância do engajamento dos homens em vários outros temas de diversidade equidade e inclusão, passando pela eliminação do racismo, do capacitismo e de suas barreiras estruturais dentro das organizações.
Um dos destaques foi o exemplo do Ifood: para ampliar a diversidade de raça na liderança, a empresa determinou que, por um determinado período, focaria em contratar apenas pessoas pretas. Essa determinação foi incentivada por nós do Instituto PDH em um programa de treinamento feito para Ifood. Até o momento estima-se que a presença de pessoas pretas na liderança chegue a 25% após esse período.
Contudo, ainda existe a necessidade de eliminar o estigma sobre cotas, como apontado por Ismael
“O medo de ser visto como cota transparece um ambiente que não valoriza ou não enxerga cotas como um mecanismo de regulação de uma injustiça”
É importante que as empresas alimentem uma cultura que entenda que as cotas são mecanismos temporários de correção de desigualdades históricas, e não uma suposta injustiça inversa.
Sobre as dificuldades de mediar percepções e conflitos quando as políticas de diversidade entram em pauta, Lucas Pittioni conta que sua percepção para conflitos saudáveis é a seguinte: ser brutal com os fatos, não brutal com as pessoas. Ao invés de evitar conflitos, podemos pensar em como esse conflito pode gerar novas ideias e inovações.